HOMENAGEM A CUCHA CAVALHEIRO


Olinda Maria Carvalheiro da Fonseca e Costa, Cucha Carvalheiro para o mundo, é uma das mais conceituadas atrizes portuguesas, fruto dos desempenhos no teatro, cinema e televisão, estendendo a sua atividade ainda ao ensino, às dobragens e à escrita.

Nascida a 21 de outubro de 1948, em Lisboa, após completar a licenciatura em Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Cucha Carvalheiro iniciou o seu percurso profissional no ensino, onde esteve durante sete anos.

No entanto, o apelo pela arte da representação, após os anos de universidade em que foi sempre participando no teatro universitário, falou mais alto e, em 1979, abraçou a carreira de atriz profissional no Teatro do Mundo, onde foi aluna de Manuela de Freitas e Jean-Pierre Tailhade.

Ao enveredar pela representação, Cucha Carvalheiro deu largas a um desejo antigo, escrevendo livros escolares e uma obra infantil, tendo também trabalhado como argumentista, apara além de lecionar interpretação na Escola Superior de Teatro e Cinema.

Seis anos após ser atriz profissional, recebe as primeiras distinções: Troféu Nova Gente (Revelação 1985), Sete de Ouro (Revelação 1985) e Prémio da Revista Mulheres (1985).

São inúmeros os papéis que representou, nos mais variados estilos, e onde constam autores de drama, como Brian Friel, Nicholas Wright, Tchekov ou Tennessee Williams, de farsa, como Gil Vicente, Jean Genet ou Richard Dérmacy, mas também de comédia, como Alan Ayckburn, Eduardo de Filippo, Niel Simon ou Feydeau, e de tragédia, como Eurípedes, Kleist ou Sófocles.

Em palco foi dirigida por grandes encenadores, entre os quais Jorge Listopad, Rogério de Carvalho, João Mota, Mário Viegas, Fernanda Lapa, Ricardo Marquez e Michel Mathieu, entre tantos outros.

Foi pela mão de João César Monteiro que se estreou, em 1982, no cinema, em «Silvestre». Desde então, tem trabalhado com realizadores de grande nomeada como José Fonseca e Costa, em «Balada da Praia dos Cães», «Os Cornos de Cronos», «Cinco Dias, Cinco Noites» e «O Fascínio», Jorge Paixão da Costa, em «Adeus Princesa», Fernando Silva, em «Carga Infernal», Margarida Gil, em «O Anjo da Guarda», e cineastas emergentes, como Rita Palma, na curta-metragem «A Cozinheira que engoliu um alfinete, Rita Nunes, em «Contas do Morto», ou Tiago Matos, em «O Meu Sósia e Eu».

O seu mais recente trabalho no cinema foi «Bem Bom», de Patrícia Sequeira, estreado no passado ano de 2020, um filme sobre o fenómeno musical português que foi a banda feminina Doce, do qual é ainda co-argumentista.

Com Fernanda Lapa, fundou, em 1995, a Escola de Mulheres - Oficina de Teatro, e, dois anos volvidos, incorpora o elenco de «Portas Comunicantes», na Comuna, e, em 2011, «Casamento em Jogo», no Teatro da Trindade.

O seu percurso pelos palcos é consagrado em 2004, quando recebe o Globo de Ouro para Melhor Atriz de Teatro, pelo desempenho em «A Cabra», de Edward Albee, no Teatro da Comuna.

Mas a sua carreira no teatro não se cinge à representação, tendo, por exemplo, encenado, em 2006, «Hotel dos Dois Mundos», de Eric-Emmanuel Schmitt, na Sala Estúdio, do Teatro Nacional D. Maria II.

Entre 2009 e 2013, Cucha Carvalheiro dirige o Teatro da Trindade, onde levou peças como a ópera bufa «Quixote», de António José da Silva, com encenação de João Brites, «Máquina de Somar», com encenação de Fernanda Lapa, «Não se Ganha, Não se Paga», de Dario Fo, com encenação de Maria Emília Correia, «O Libertino», de Éric-Emmanuel Schmitt, com encenação de José Fonseca e Costa, «Vale», de Madalena Victorino e a adaptação para teatro do romance de Lídia Jorge, «O Dia dos Prodígios», mas também clássicos como «Vânia», de TcheKov, «Otelo», de Shakespeare, «Do Alto da Ponte», de Arthur Miller, «Casamento em Jogo», de Edward Albee, ou «Dias Felizes e O quê?», de Samuel Beckett.

Uma área onde Cucha Carvalheiro se tem, igualmente, destacado é na dobragem das mais variadas personagens de filmes infantis, tendo, entre outras, dado voz à Bruxa, na «Branca de Neve e os Sete Anões», Rainha de Copas, em «Alice no País das Maravilhas», e Flora, em «A Bela Adormecida».

A atriz tem também integrado o elenco de diversas telenovelas e séries televisivas, como, por exemplo, «A Paz dos Anjos» (1994), «A Mulher do Sr. Ministro» (1997), «Ballet-Rose» (1998), «Os Lobos» (1998-1999), «Olhos de Água» (2001), «Super Pai» (2002), «Baía das Mulheres» (2004-2005), «Flor do Mar» (2008-2009), «Depois do Adeus» (2013), «O Beijo do Escorpião» (2014) e «A Única Mulher» (2015), entre tantos outros trabalhos para o pequeno ecrã.

Tal como em edições anteriores, o Porto Femme homenageia as mulheres-cineastas que se destacam ou destacaram no panorama cinematográfico.
Nesta 4ª edição homenageamos Cucha Carvalheiro uma das mais conceituadas atrizes portuguesas, fruto dos desempenhos no teatro, cinema e televisão, estendendo a sua atividade ainda ao ensino, às dobragens e à escrita.
Nesta cerimónia celebraremos a carreira da Cucha Carvalheiro e entregaremos o prémio Mulher-Cineasta.